Aproveitando a 25ª edição da feira Hospitalar, reunimos soluções que buscam tornar o atendimento médico mais eficaz, humanizado e acessível
Robôs, impressão 3D, análise de dados – tudo isso já está revolucionando diversas áreas da nossa vida – incluindo a saúde. Já parou para pensar como tudo isso vai se refletir nos hospitais dentro de cinco ou dez anos? Como a tecnologia poderá tornar o atendimento mais rápido, seguro e eficaz?
Boas pistas desse futuro puderam ser conferidas em maio na 25ª edição da Hospitalar, uma feira e fórum em que são apresentadas as principais tendências do setor, com mais de 40 eventos que aproximam toda a cadeia, com foco em geração de negócios e desenvolvimento tecnológico. A GE, por exemplo, aproveitou o encontro para promover soluções ligadas a armazenamento e análise de dados que simplificam o acesso da equipe hospitalar a todas as informações do paciente. Não faltaram, também, soluções mostrando como usar melhor a estrutura de que já dispomos, aumentando a produtividade de máquinas já instaladas.
Para visualizar melhor algumas novidades já disponíveis e entender o impacto que elas podem causar, reunimos exemplos de cinco áreas distintas. De um ultrassom portátil que agiliza diagnósticos a enfermeiras robôs, passando por cápsulas que levam material de uma ponta a outra do hospital, veja o que vem por aí.
1. Correio pneumático ligando todas as áreas do hospital
Imagine um “correio” dentro do hospital, formado por tubulações onde cápsulas viajam, levando materiais de um lado pro outro – mandando remédios da farmácia pra UTI, por exemplo, ou bolsas de sangue, amostras de material, documentos etc.
Esse sistema de transporte pneumático, apresentado pela Medlux Medical Engineering na mais recente edição da Hospitalar, oferece algumas vantagens. Uma delas é o ganho de agilidade, já que assim o material pode percorrer grandes distâncias e chegar a seu destino em questão de segundos. Além disso, os funcionários que fariam esse trabalho ficam livres para focar nos pacientes – e o número de pessoas se deslocando pelos corredores do hospital diminui.
Esse “correio” interno funciona com um compressor e diversas estações interligadas – as instalações podem ser implementadas mesmo em hospitais já em funcionamento. O sistema é totalmente monitorado, graças a um software de acompanhamento, e as informações ficam registradas. Assim, é possível rastrear quando e como foi feito o envio de algum item (um remédio que saiu da farmácia central para a UTI, por exemplo), sempre que essa checagem for necessária.
2. Atendimento mais rápido em situações de choque
O choque é um estado em que os tecidos vitais deixam de receber oxigênio e nutrientes, o que pode resultar em lesões celulares irreversíveis e morte. Nesse tipo de situação, o atendimento imediato é fundamental. Daí a importância de equipamentos portáveis, fáceis de usar e velozes, que ofereçam um diagnóstico adequado no menor tempo possível. Todas essas características se aplicam ao Venue, um sistema de ultrassom “Point of Care”, ou PoC, como são chamadas as tecnologias que viabilizam a realização de testes e exames onde o paciente está (no leito, por exemplo).
O Venue ajuda a determinar rapidamente a causa do choque, obtendo de forma automática informações essenciais sobre o coração, os pulmões e a hemodinâmica do paciente, para que a equipe médica possa tomar decisões o quanto antes.
Compacto e portátil, ele pode ser levado para locais pequenos. Graças a um sistema universal de encaixe, dá para montá-lo em um carrinho ou em uma base de mesa, sem ferramentas. A inicialização é rápida, e a interface de toque possibilita uma navegação intuitiva. O aparelho não tem botões, teclado ou controles giratórios, ou seja, basta aplicar o gel no paciente e realizar o exame.
3. Planejamento e precisão por meio de impressão 3D
Cada vez mais, a manufatura aditiva, também conhecida como impressão 3D, ganha espaço na área médica. No ano passado, a Mayo Clinic, localizada em Minnesota (EUA), imprimiu 1.200 itens para aproximadamente 700 pacientes – esse número é mais que o dobro do que havia sido impresso no ano anterior. O dado foi apresentado num simpósio sobre impressão 3D organizado pela GE, em Nova York, no início de maio.
Os médicos da Mayo Clinic têm trabalhado diretamente com engenheiros para desenvolver peças feitas sob medida para a necessidade de cada caso. Isso inclui, por exemplo, criar modelos que simulam partes do corpo do paciente, para que o cirurgião possa planejar, com base nessa peça, como uma operação será conduzida. Com isso, é possível proceder com mais segurança no momento da cirurgia.
4. Monitoramento mais preciso durante cirurgias
Por falar em cirurgia, vale a pena destacar um avanço na área de anestesia. Nem todo mundo sabe, mas os anestesiologistas não são responsáveis apenas por sedar as pessoas – eles também ficam encarregados do controle de várias funções que mantêm os pacientes bem durante a realização de uma cirurgia. E a tecnologia pode ajudar esse profissional a visualizar o quadro com mais simplicidade e precisão.
Desenvolvido pela GE, o Carestation Insights é uma plataforma digital voltada ao gerenciamento dessas informações, relativas à anestesia. A solução reúne uma série de aplicativos que analisam os dados coletados pelo Aisys CS² (sistema de distribuição de anestesia, também digital). São mais de 300 pontos de dados pra a nuvem, relativos a aspectos como valores de ventilação e gás, alarmes e códigos de erro. Trata-se do primeiro “Digital Twin” (termo dado à representação virtual de uma máquina) de saúde aplicável no Brasil.
5. Design que leva o paciente numa jornada rumo à saúde
Não são apenas os equipamentos que fazem a diferença – o ambiente que engloba tudo isso também afeta muito o bem-estar físico e mental dos pacientes, e uma arquitetura que leve isso em conta pode contribuir muito para sua recuperação. Dados do World Green Building Council indicam que a incorporação da natureza à infraestrutura hospitalar reduz em 22% a necessidade de remédios para dor, por exemplo. Além disso, acelera o tempo de recuperação dos pacientes em 15%.
Esses benefícios podem ser observados no Royal Adelaide Hospital, na Austrália. Com 800 leitos, ele foi projetado com o intuito de levar o paciente a uma jornada rumo à saúde, por meio do design biofílico – já ouviu essa expressão? Ela se refere à inclusão da natureza na arquitetura e na decoração, o que envolve o uso de luz do Sol, materiais com texturas naturais, presença de plantas, vistas para a natureza etc.
O RAH parece um parque, e cada quarto conta com janelas que oferecem vista para um jardim, sem perder a privacidade. A valorização desse contato com a natureza coexiste com a adoção de tecnologias avançadas – robôs levam a comida e os equipamentos para os pacientes, que podem acionar a equipe de enfermagem por meio de um sistema wireless. Enquanto isso, quiosques automatizados facilitam a circulação dos visitantes.
Isso ajuda a lembrar que, para ser high-tech, uma instituição não precisa ser fria, inflexível, austera – pelo contrário. Usada com inteligência, a tecnologia é uma peça importante para que, no futuro, sempre que for necessário recorrer a um hospital, possamos encontrar um ambiente cada vez mais acolhedor e humanizado.