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Saúde eletrônica

Sensores colocados sobre ou sob a pele ajudam no controle de doenças e permitem a injeção de remédios onde é preciso

Está em teste, com bons resultados, uma novidade que representa uma das mais inteligentes estratégias da medicina para dar força ao coração depois de um infarto. Cientistas da Universidade Harvard (EUA) comandam o time responsável pela criação de um sistema que infunde no músculo cardíaco os remédios necessários à recuperação do órgão. A entrega direta aumenta a eficácia das medicações e poupa o organismo de efeitos tóxicos.

O Therepi, como é chamado, é o mais recente exemplo dos avanços da medicina bioeletrônica, área que ganhou robustez com a sofisticação da indústria eletrônica e do entendimento sobre o corpo. Microchips que não causam rejeição já são recursos importantes contra várias enfermidades. Eletrodos implantados no cérebro permitem o reequilíbrio do funcionamento elétrico de áreas associadas à doença de Parkinson e à obesidade. Sensores posicionados sob ou sobre a pele medem sinais vitais como o batimento cardíaco, possibilitando melhor controle de doenças crônicas. Agora, mecanismos como o Therepi injetam o remédio somente onde é preciso.

O sistema é composto por uma espécie de adesivo suturado no tecido a ser tratado e um reservatório para a colocação do medicamento. No caso em teste, ele foi colocado no músculo cardíaco e possibilitou a infusão de células-tronco. Elas têm sido usadas para ajudar na recuperação após o infarto. No entanto, um dos obstáculos é garantir sua administração constante. Nos testes em cobaias, o Therepi cumpriu a função, aumentando a eficiência cardíaca por mais de um mês. “O recurso pode ser aplicado no tratamento de outras doenças, entre elas o câncer e a diabetes”, afirmou o farmacêutico William Whyte, um dos autores do artigo sobre o sistema recém-publicado na revista científica Nature.

Por sua importância, a medicina bioeletrônica ganhou no final do ano uma publicação científica específica patrocinada pelo Future Science Group, iniciativa que reúne pesquisadores em tecnologia de ponta para medicina. “Queremos dar espaço a este campo inovador. A bioeletrônica tem o potencial de revolucionar o cuidado com a saúde”, escreveu Sarah Jones, editora responsável pelo periódico.

DA CABEÇA AOS PÉS
O uso dos dispositivos é cada vez mais amplo

Dor
Eletrodos conectados à medula espinhal interrompem o envio de sinais de dor ao cérebro

Doença de Parkinson
Chips regulam a atividade elétrica na substância negra, região cerebral associada à enfermidade

Olho
Estão em teste, em cobaias, biosensores colocados em lentes de contato. O objetivo é saber como funcionam para detectar doenças infecciosas e mudanças metabólicas nos olhos e enviar os dados via wireless para os médicos

Coração
Sistema criado na Universidade Harvard permite a infusão constante de remédios para recuperar a força do coração depois do infarto
Desfibriladores implantados sob a pele evitam o surgimento de ritmo cardíaco anormal

Diabetes
Um chip do tamanho de um mostrador de relógio mede a concentração, no suor, de três substâncias relacionadas à doença
Chips disponibilizados por meio de adesivos medem a frequência cardíaca, indicando sinais de queda brusca de açúcar no sangue

Músculos
Cientistas da Estação Espacial Internacional avaliam a eficácia, em animais, de um implante para infundir remédios contra a perda muscular

Doença arterial periférica
Sensor sinaliza quando a enfermidade obstrui os vasos sanguíneos em braços e pernas, o que pode levar à amputação

Cilene Pereira
Isto É

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