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A Importância das Certificações Profissionais em Compliance

O compliance, de forma disseminada e com esta nomenclatura, é algo recente no Brasil. Sim, antes já existiam profissionais e áreas que trabalhavam com código de ética e políticas, com treinamento e comunicação, canais de denúncia e investigação, e outros elementos típicos de um Programa de Compliance. Já existiam profissionais que combatiam fraudes, crimes financeiros, corrupção, lavagem de dinheiro, crimes ambientais e concorrenciais, questões de assédio moral e sexual, entre outros.

Num levantamento que fiz em agosto de 2017 no Linkedin, identifiquei pouco mais de 5.000 profissionais com o termo “compliance” na nomenclatura do cargo. Para fins de comparação, são mais de 190 mil profissionais no Brasil com a palavra “financeiro” no cargo e cerca de 38 mil com “jurídico”. Com “auditoria” são cerca de 8.500 profissionais. São números que ajudam a exemplificar o quão recente é o termo no âmbito profissional no Brasil. Como área na organização e como área de atuação, é emergente. Assim como os cursos dedicados ao tema.

Neste contexto, ganha relevância a busca por padronização e alinhamento das boas práticas, e reconhecimento daqueles profissionais que possuem um conhecimento de qualidade. Sendo qualidade um conceito subjetivo, uma das associações possíveis de serem feitas é de ter instituições de ensino e de fomento do conhecimento emprestando suas credenciais aos profissionais através de certificados e certificações, após horas de estudo e de comprovação de retenção e aplicação do conhecimento adquirido.

Internacionalmente, são exemplos de instituições a ACFE (Association of Certified Fraud Examiners), SCCE (Society of Corporate Compliance & Ethics) e a ACAMS (Association of Certified Anti-Money Laundering Specialists), além das universidades e faculdades. No Brasil, os dados do Linkedin apontam cerca de 370 profissionais com as certificações CCEP ou CCEP-I, da SCCE, e quase 650 com a certificação CFE, da ACFE. Números com potencial para crescerem.

No Brasil, as iniciativas de certificação são recentes e promissoras, como a CPC-A (Certificação Profissional em Compliance Anticorrupção), da LCB (LEC Certification Board), em parceria com a FGV Projetos, e a CPLD-FT (Certificação Profissional em Prevenção à Lavagem de Dinheiro e ao Financiamento do Terrorismo), do IPLD (Instituto dos Profissionais de Prevenção à Lavagem de Dinheiro e ao Financiamento do Terrorismo). Instituições de ensino como FIA, FGV, Insper, Mackenzie, PUC e outras também contribuem para a formação dos profissionais de compliance.

Todo este movimento é importante e ajuda na formação e aprimoramento dos profissionais de compliance que o mercado precisa. Muitas empresas no Brasil ainda não possuem uma função de compliance estabelecida e outras tantas estão estruturando e reforçando as suas áreas de compliance. Neste contexto, contar com profissionais preparados é importante, e a certificação pode ser um diferencial. A certificação, fornecida por uma instituição renomada, demonstra de forma independente que o profissional estudou e assimilou um conteúdo relevante. Além disto, demonstra interesse em aperfeiçoamento profissional, sendo que o estudo e a leitura periódica são requisitos fundamentais para quem atua em compliance.

Iniciativas nacionais como o CPC-A, da LCB, e a CPLD-FT, do IPLD, facilitam o acesso aos profissionais brasileiros em geral, pois demandam investimentos em moeda nacional, não exigem viagens internacionais, tampouco conhecimento de línguas estrangeiras (mas recomendo fortemente o conhecimento de inglês para quem tem ambições de trabalhar e crescer na área). Ou seja, o cenário está amplamente favorável para aqueles que buscam uma boa formação em compliance e para as organizações que necessitam destes profissionais. E que isto se torne realidade, afinal o incremento de estudos e de profissionais certificados será benéfico para o mercado como um todo.

Jefferson Kiyohara é líder da prática de riscos & compliance da Protiviti, consultoria global especializada em Gestão de Riscos, Auditoria Interna, Compliance, Gestão da Ética, Prevenção à Fraude e Gestão da Segurança.

LEC – Legal Ethics Compliance

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